terça-feira, 24 de maio de 2016

Traçado de Gratidão

"O traço do design abriga um aprendizado perene e não canso de ser grato"
A palavra gratidão é meu traço. Firme e enérgico para esboçar quanto o design está entrelaçado ao que sou agora. A profissão escolhida embala um presente valoroso: o patrimônio cultural de um Brasil que não se esgota em seu território de milhões de metros quadrados. Presente tangível que alimenta os sentidos e indescritível nas emoções e sentimentos que afloram perante as tradições arraigadas na mestiçagem. Surpresas inesgotáveis nas andanças que descortinam lugares, histórias, paisagens e personagens nunca antes imaginados. 

Na rota da criação, as descobertas se avolumam em experiências que são espelhos. Refletem meus muitos eus. Mato-grossense de nascimento sou de cada pedaço deste País. O solo que piso é minha identidade, minha casa de portas abertas, meu horizonte e remanso. Ora paraibano, amazonense, paulista. Outras vezes catarinense, pernambucano, paraense, carioca... Sou Norte e Sul, de corpo e alma.  E destas origens e pertencimentos nutro o desenvolvimento de produtos, abasteço o novelo criativo com linhas colhidas das múltiplas identidades locais. Tudo é convertido em memória e alimenta um banco de dados que é mais que fotografia digital capturada em tela touch. Os cliques não acompanham o ritmo disparado do coração diante das comunidades artesãs, das florestas sagradas, da imensidão dos rios, das praias de areias intocadas, da arquitetura eclética que sussurra a mistura dos povos. 

O patrimônio imaterial e todo o arcabouço de simbologias nele contido não estão nos pixels das imagens que documentam meus passos pelos muitos brasis. É como um flash, uma aura que conecta sensações e remonta ao momento vivenciado. Estende uma ponte para riquezas encontradas na simplicidade das pessoas, nos seus ofícios, dentro de abraços fraternos, no brilho dos olhos, nos sorrisos cativantes, na recepção calorosa, nos cantos ancestrais de boas-vindas, nas mãos elevadas que emanam energias positivas e distribuem bênçãos. O traço do design abriga um aprendizado perene e não canso de ser grato.

[ English Text ]


Trace of gratitude

The word gratitude is my trace. Firm and energetic to say how much design is tangled by who I am today. The chosen profession packs a precious gift: the cultural heritage of a Brazil that does not run out it’s territory of millions of square meters. Tangible gift which feeds the senses and indescribable emotions flowers by the traditions rooted on miscegenation. Inexhaustible feelings from the walkings that reveals places, histories, landscapes and characters never once imagined.

On the route of creation, the discoveries swells in experiences like mirrors. Reflex myself. Mato Grosso born, I am a piece of every part of this country. The soil I step on is my identity, my home of open doors, my horizon. Part time from Paraíba, from Amazon, from São Paulo. Other times I’m from Santa Catarina, Pernambuco, Pará or Rio de Janeiro. I am from North and South, of body and soul. And these origins and neutral belonging, I nourish the products developments, fill the creative story with harvested lines from multiple local identities. Everything is converted in memories, feeding the photo stock, that are more than digital photographs captured by a touch screen. The clicks doesn’t accompany the rhythm of my heart, before the artisan communities, of sacred forests, huge rivers, of untouched beaches and sands, of eclectic architecture that whispers the peoples miscegenation.

The immaterial patrimony and all the framework of symbologies contained in it, aren’t at the pixels of images that documents my steps through the many Brazil. Is like a flash, an aura connecting feelings and builds the lived moment. Makes a bridge to worthiness found in the simplicity of the people, in their work, between fraternal arms, in the brightness in the eyes, big smiles, in the warm welcome, in the high hands sending good energy and blessing. The trace of design gives me perennial learning, and I am not tired to be thankful.
Benjamin Constant, Amazonas: recorte de um Brasil imerso na cultura mestiça.
O curso do Rio Negro conduz ao mergulho nos saberes e ofícios artesanais. 
Curumins do Amazonas: a infância tem seu tempo e tradições.
Dona Rosa, artesã da etnia Tikuna, em Porto Cordeirinho, no Amazonas: generosidade em cada gesto.
Cariri Paraibano: o céu azul e o solo árido emolduram inspiração.  

Nenhum comentário:

Postar um comentário